Research@hec - Special Issue - Compilação de Pesquisas - (Page 14)
governação
empresarial:
a independênCia dos
exeCutivos seniores está no
Centro do desempenHo
David Thesmar
Desde o início da década de 2000 que David Thesmar
tem interesse na governação empresarial. "Foi no
tempo a seguir à bolha da internet, quando surgiu
uma terrível série de escândalos do outro lado do
Atlântico, com as estórias de abusos dos fundos das
empresas pelos seus diretores executivos. Depois,
foi a revelação do caso Enron. Entretanto, na
França, Jean-Marie Messier estava sendo acossado
constantemente pelos acionistas da Vivendi
Universal", recorda. "Havia um debate profundo
no meio acadêmico, e não só, sobre os princípios
da boa governação: como podem as empresas ser
gerenciadas no interesse dos acionistas e não dos
seus líderes?"
AS tentAtivAS iniCiAiS de ProdUzir UMA
exPliCAÇÃo nÃo tiverAM SUCeSSo
Inicialmente, os economistas reagiram com a
hipótese de os conselhos de administração não
terem desempenhado corretamente suas funções.
Os diretores, que são nomeados pelos acionistas nas
assembleias gerais, são responsáveis pela seleção
e supervisão dos líderes para garantir que agem no
interesse dos acionistas, prestando ocasionalmente
também alguma assistência na definição de linhas
estratégicas. No entanto, segundo David Thesmar,
o monitoramento eficaz dos líderes pelos diretores
é muito difícil. "Os diretores da Vivendi, cujo chefe
tinha iniciado uma série de aquisições arriscadas,
deveriam ter intervindo muito mais cedo." Diversos
investigadores tentaram determinar as razões
para isso. Alguns especularam que os diretores
não eram suficientemente independentes. "Os
diretores estão muitas vezes ligados, de uma
forma ou outra, aos líderes da empresa: podem
ser advogados da empresa, ou podem trabalhar
em bancos de investimento dos quais ela é cliente.
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david thesmar integrou a HeC
paris em 2005. É graduado
pela École polytechnique e
pela École nationale de la
statistique et de l'administration Économique, possuindo
também um mestrado da
london school of economics
e um doutoramento em
economia da École des Hautes
etudes en sciences sociales.
em 2007, ganhou o prêmio
de investigador HeC do ano
e o prêmio do melhor Jovem
investigador na França, outorgado pelo le monde e pelo
Cercle des Économistes (do
qual é agora membro).
Podem também ter um relacionamento social com
o diretor executivo. Os estudos anteriores incidiram
principalmente nessas questões e na procura de
formas para medir a independência dos diretores."
o diretoreS tÊM PoUCA inFlUÊnCiA
oS
No entanto, os resultados desses estudos
têm produzido até agora poucas conclusões:
independentemente de quais medidas foram
tomadas para assegurar a independência, não
houve grande impacto no desempenho empresarial.
David Thesmar afirma que não está surpreso. "Em
uma grande empresa, o conselho de administração
não se reúne muito frequentemente e, em última
análise, os diretores não têm legitimidade para
confrontar o diretor executivo. Os diretores estão
raramente presentes e não têm acesso a muita
informação sobre o que está acontecendo na
empresa. Nem sequer participam nas comissões
executivas ou intervêm na parte operacional. Os
diretores não conseguem exercer o seu suposto
contrapeso. A exceção é o capital de risco, onde
o equilíbrio de poder está mais nivelado, uma vez
que os capitalistas de risco têm 50 anos de idade
e os empreendedores 30 e também porque a sua
empresa não gera quaisquer lucros."
"Em alguns casos, os líderes fazem melhores
progressos se forem obrigados a fazer um esforço
para convencer uma equipe aparentemente cética."
oS exeCUtivoS SenioreS CoM PoStUrA MAiS
indePendente MelhorAM o deSeMPenho
Assim, a questão permanece: quem pode
supervisionar devidamente as decisões do diretor
executivo da empresa? Para responder, David
Thesmar decidiu analisar comissões executivas
para medir a independência dos seus membros
relativamente ao diretor executivo. Os critérios
utilizados para medir a independência consistiam
no estudo de quais membros da comissão
executiva estavam em funções antes da entrada
do diretor executivo. "Os líderes das empresas
podem ter subordinados que não os confrontariam
necessariamente, porque terão que aceitar a sua
estratégia para a empresa funcionar", explica
Thesmar. "Ou as pessoas têm uma personalidade
muito independente e o líder considera as suas
opiniões e adapta a sua estratégia, ou então
elas são subservientes ao diretor executivo pela
sua posição na empresa e são simplesmente
seguidoras, seja qual for o nível de risco das ações
do líder." Este trabalho é baseado em um artigo
anterior que demonstra que diferenças de opinião
em uma cadeia de comando podem contribuir para
melhorar o funcionamento da organização. Estas
diferenças obrigam os líderes a justificar ou até a
modificar as suas decisões para assegurar o apoio
da equipe. Em certo sentido, os líderes podem,
por vezes, tomar melhores decisões se forem
obrigados a convencer uma equipe que está cética
à priori. "O método para medir a independência
das comissões executivas que resulta deste
estudo é uma ferramenta de previsão robusta do
desempenho empresarial", conclui David Thesmar.
"Há várias explicações possíveis para isto. Mas o
certo é que esta é a primeira vez que foi possível
medir a estrutura da empresa e a sua governação
interna de uma forma que oferece uma explicação
relativamente robusta e convincente das diferenças
de desempenho."
MetodologiA
os investigadores correlacionaram várias fontes de dados para demonstrar empiricamente uma correspondência entre a composição da
comissão executiva e o desempenho da empresa (rentabilidade, retornos das ações e sucesso a longo prazo das aquisições). Foi usado o
painel execuComp dos salários dos cinco executivos mais bem remunerados nas maiores corporações norte-americanas para obter a proporção de executivos contratados após a nomeação do diretor executivo
atual; o Compustat proporcionou os dados contabilísticos sobre cada
uma das 195.890 observações do execuComp; foram usados os dados
do investor responsibility research Center para medir a governação
corporativa externa; o sdC platinum proporcionou os dados relacionados com aquisições; foram usados os dados do Center for research in
security prices para obter os relevantes retornos das ações.
APliCAÇÕeS PrÁtiCAS
uma conclusão concreta para empresas que se retira do artigo é que
pode constituir uma salvaguarda assegurar que os membros das
comissões executivas continuem em funções em caso de mudança de
diretor executivo. "esta pode ser uma forma de apaziguar as relações e
mostrar que a empresa está funcionando bem e de uma forma racional
e progressiva", afirma david thesmar. mas ele também permanece
pragmático: "todos sabem que uma empresa não é uma democracia.
o diretor executivo possui uma visão e não pode enfrentar constantemente oposição nem ser obrigado a convencer diariamente as
comissões executivas sobre suas estratégias. à priori, uma organização
não monolítica funciona melhor. no entanto, isso depende em grande
parte dos contextos mais vastos onde a empresa se insere."
Sraer).
Com base em uma entrevista a David Thesmar,
professor de finanças, e no artigo "Bottom-Up
Corporate Governance" de D. Sraer, A. Landier, J.
Sauvagnat e D. Thesmar, que deu a este último o
prêmio da Associação Europeia de Finanças para
o melhor artigo publicado no Review of Finance
(Janeiro de 2013, Vol. 17, n.º 1, pp. 161-201)
governação empresarial
governação empresarial
overnação empresarial
David Thesmar e seus coautores demonstram que a independência dos
executivos seniores (e não dos gestores intermédios) relativamente ao diretor
executivo influencia o desempenho da empresa.
dAdoS BiogrÁFiCoS
* "Optimal Dissent in Organizations", Review of
Economic Studies, Abril de 2009, Vol. 76, n.º 2,
pp. 761-794 (em colaboração com A. Landier e D.
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Alimentador do ndice para Edio Digital da Research@hec - Special Issue - Compilação de Pesquisas
Cobertura
Investigação em gestão e economia como parceira de negócio
Cátedras e centros
Índice
Corpo Docente Da HEC Paris
Energias renováveis na Europa: preconceitos e pressão institucional inibem investimentos
Aumentar a capacidade de inovação moldando a percepção dos gestores sobre seus contextos
Quando devemos deixar sair uma inovação?
Governação empresarial: a independência dos executivos seniores está no centro do desempenho
Consolidar a confiança para o sucesso das F&A
Tomada de decisão: por que subestimamos os eventos raros?
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